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Na chamada 4ª Revolução Industrial, a educação e a valorização de características essencialmente humanas são fundamentais para criar um mundo sustentável

Imagem mostra 4 dados que estão sobre uma mesa. Nos dados estão desenhados rostos e dentro dele uma lâmpada. No último dado, uma pessoa manipula o outro lado do dado, onde se vê apenas uma lâmpada acesa.

“Estamos no início de uma revolução que alterará profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, escopo e complexidade, a Quarta Revolução Industrial é algo que considero diferente de tudo aquilo que já foi experimentado pela humanidade”, anuncia Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, na introdução A Quarta Revolução Industrial (Edipro, 2016).

No livro, o autor defende que as tecnologias digitais são mais do que sistemas e máquinas inteligentes e conectadas, uma vez que estão se tornando mais sofisticadas e integradas, promovendo uma transformação profunda na sociedade, no futuro do trabalho e na economia global.

Seu escopo é muito mais amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias renováveis à computação quântica. O que torna a Quarta Revolução Industrial profundamente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos”, escreve Schwab.

No chamado mundo VUCA (acrônimo em inglês para as palavras volátil, incerto, complexo e ambíguo), todos nós fazemos parte das mudanças e, ao mesmo tempo, somos criadores nesse novo processo. Só que novidades assustam e despertam dúvidas: qual será o papel do ser humano em um mundo dominado por sistemas inteligentes? Como vamos viver e nos relacionarmos? Qual será o futuro do trabalho? As respostas não são tão simples e nem tão pessimistas quanto alguns imaginam.

A brasileira Rosa Alegria é diretora da maior rede de pesquisadores sobre o futuro do mundo, The Millennium Project. Recentemente o grupo produziu um relatório mostrando projeções para 2050 e alguns cenários possíveis. Confira o relatório completo aqui.

“Nós precisamos de algumas mudanças civilizatórias, mas é importante lembrar que não existe um só caminho possível para isso. Por isso é fundamental projetar cenários, estudá-los e tomar medidas. Estudar o futuro não é ficar estacionado nele, mas é usá-lo para guiar ações que devem ser tomadas no hoje”, explica Rosa.

O futuro do trabalho

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) considera que a automação poderá acabar com quase metade dos empregos que a gente conhece hoje nos próximos 20 anos. Além disso, 32% dos postos de trabalho devem mudar radicalmente por causa da tecnologia.

O pesquisador Carl Frey, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mapeou as profissões que mais correm riscos de serem automatizadas. O topo do ranking é ocupado pelos setores de prestação de serviço, vendas e construção. Corretores de imóveis, contador, atendentes de supermercado ou correio são profissões com mais de 95% de chances de desaparecer.

Na ponta oposta, das ocupações com menor chance de serem substituídas por máquinas, estão as tarefas que exigem criatividade, inteligência emocional e social e percepção sensorial. Profissões que envolvam gestão de negócios e finanças, assim como educação, artes, mídia e saúde são áreas com menos de 1% de chances, segundo Frey.

Isso mostra que a conciliação entre seres humanos e tecnologia não precisa ser ameaçadora. “Com o trabalho repetitivo sendo substituído por máquinas e softwares, nós ficamos livres para as funções que são tipicamente humanas, como o trabalho artístico e criativo e o cuidado com o outro”, defende Rosa.  

A valorização de funções tipicamente humanas vai transformar não só as profissões, mas o mercado de trabalho como o conhecemos. O diploma, tão valorizado no passado, perde cada vez mais importância em prol de habilidades e competências. Seguir uma única carreira ao longo da vida não faz mais sentido num mundo em que o aprendizado é continuamente valorizado e as pessoas buscam se reinventar.

Flexibilidade para começar e terminar uma tarefa, autonomia e cargas reduzidas de expediente serão fundamentais para os profissionais do futuro escolherem onde querem trabalhar. Realizações pessoais e qualidade de vida serão fatores cada vez mais valorizados, assim como a transição de uma lógica individualista para uma que preze a coletividade.

“Nós estávamos numa lógica de meu dinheiro, minha carreira, minha ideia. A nova geração tem uma ideia, lança para o ar e pede a colaboração de todo mundo. Além disso, cada vez mais pessoas estão ofertando produtos e serviços, então nós estamos tirando o monopólio de empresas e passando para as pessoas”, defende a futurista Daniela Klaiman, no vídeo em que elenca as principais mudanças de mentalidade que guiarão a inovação no futuro.

Educação: o principal motor das transformações

Se há uma coisa em que todos os estudiosos do futuro concordam é que a educação é o eixo central da Quarta Revolução Industrial. “A educação tecnológica fará parte do nosso mundo de uma maneira muito maior do que hoje e todos nós iremos adotar uma mentalidade de aprendizado contínuo, porque precisamos desenvolver nossas habilidades para mudar e crescer, evoluindo para aproveitar o talento e o potencial em todos nós”, defendeu Anthony Salcito, VP de Educação Global da Microsoft, durante a conferência mundial enlightED 2019

O desafio é que os modelos educacionais no mundo todo, e especialmente no Brasil, ainda estão baseados numa lógica dos séculos passados e ainda precisam se preparar para viver no mundo VUCA.

“Nós temos uma geração Z que está pronta para mudar o mundo, mas ela tem que estar preparada. As escolas precisam favorecer o compartilhamento de conhecimento de forma que as crianças sejam capazes de criar os mundos que elas desejam. Que não sejam apenas receptoras de informações, mas que se apropriem disso”, diz Rosa Alegria.

Como se preparar para esse futuro?

É possível apontar alguns caminhos, algumas profissões que serão mais demandadas, mas muita coisa do que será valorizado no futuro ainda não existe, segundo a futurista Rosa Alegria. No entanto, voltar-se para o desenvolvimento de algumas competências é a melhor maneira de começar a se preparar para o que está por vir.

“Para que o mundo rume para um futuro sustentável ele precisa urgentemente superar esse modelo de sociedade individualista. Por isso, precisamos resgatar aquilo que nos é mais básico e natural, como empatia, imaginação e colaboração”, diz Rosa.

Buscar atividades que ofereçam aprendizado contínuo e ajude a exercitar cada vez mais a imaginação, o pensamento crítico e analítico, competências socioemocionais, como empatia e resiliência, além de criatividade e intuição.

Lembrando que não é preciso cursos específicos para isso. Praticar um hobby, como fotografar ou pintar, jogar um esporte coletivo ou se envolver em uma atividade voluntária ou comunitária são excelentes formas de se desenvolver.

Futuro do trabalho: como se preparar para as mudanças que já começaram
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