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Baseado em sua experiência à frente de um laboratório de criatividade e cozinha, o chef catalão Ferran Adrià traz dicas valiosas para gestores de escola. Confira!

A imagem mostra várias pessoas desenhando em uma folha branca.

Construir uma gestão inovadora na escola pode ser uma tarefa desafiadora. Muitas vezes, criar ou adaptar um modelo já existente, exige uma transformação completa da cultura escolar, seja para criar condições para uma educação do século XXI, seja para envolver a participação dos mais diversos atores: estudantes, professores, pais e a comunidade. Para o renomado chef de cozinha catalão Ferran Adrià, inovação e criatividade são bons pontos de partida.

Mas o que um chef de cozinha espanhol poderia ensinar para os gestores brasileiros? Para entender a pergunta, é preciso conhecer um pouco mais sobre a história dele.

Criatividade sistematizada

No final dos anos 80, Ferran Adrià, já conhecido em todo mundo por comandar o premiado restaurante El Bulli, em Barcelona, ouviu de outro chef renomado que “a criatividade é não copiar”. A frase o impactou tanto que foi o pontapé para uma mudança revolucionário em sua cozinha.

Ferran passou a questionar os limites de suas receitas. Por que um sorvete não pode ser quente? Quem disse que doce e salgado não combinam? Azeitona pode ser líquida em vez de sólida? Durante os 25 anos seguintes, o chef e sua equipe trabalharam incansavelmente para revolucionar a linguagem da culinária, o que lhes rendeu alguns dos maiores prêmios da alta gastronomia.

Em 2011, Adrià fechou as portas do restaurante para inaugurar a El Bulli Foundation, um centro de estudos sobre criatividade baseado na sistematização dos aprendizados à frente das panelas. Ele defende a criatividade como forma de vida, aplicada a qualquer atividade.

“Todos nós podemos ser criativos. Inovação pode ser aprendida. Existem métodos e técnicas que podem nos ajudar a modificar os processos de aprendizagem, a ir além do óbvio, a melhorar, a ser mais eficiente e inovador”, declarou em entrevista à Fundação Telefônica da Espanha.

Considerando a escola como uma das maiores potências para o desenvolvimento da criatividade e da inovação, Ferran Adrià uniu forças à Fundação Telefônica Espanha para desenvolver o projeto Escolas Criativas, que traz reflexões e passos para educadores desenvolverem seu potencial criativo e construir soluções para transformar a educação.

Ilustração que faz parte da coleção Escolas Criativas

Os conselhos de Ferran Adrià

Criar condições para estimular o processo criativo de pessoas e equipes, questionar a realidade para encontrar novos caminhos e abusar da generosidade e do bom humor são algumas técnicas usadas por Adrià e sua equipe durante o trabalho com o El Bulli. E quando aliadas ao planejamento e ao compromisso dos educadores, podem fazer a diferença na gestão da escola.

Abaixo você encontra quatro valiosos conselhos de Adrià, que ajudam a pensar sobre como usar a criatividade como motor de uma gestão inovadora e mais significativa.  E a partir do Guia Sapiens de Escola, é possível saber mais sobre criar um plano de transformação na escola de forma organizada, criativa e eficiente.

“É impossível inovar se não há paixão”

Pode parecer óbvio, mas quem não ama o que faz dificilmente irá conseguir empregar criatividade e esforço para construir qualquer coisa. Segundo Adrià, quando há entrega e entusiasmo com aquilo que se faz, a profissão deixa de ser um ofício e torna-se uma paixão.

A educadora Marleide dos Santos Vasconcelos é prova disso. Conciliando as funções de diretora e professora, ela atua em uma sala multisseriada na EM Zulívia Alves Nascimento, localizada no povoado de Palmeirinha, no interior de Sergipe. No turno da noite, ela dedica-se, de forma voluntária, à alfabetização de adultos, o que tornou a escola referência na comunidade.

“A informação dada por um prato é desfrutada por meio dos sentidos”

O chef fala sobre a importância de desenvolver a sensibilidade, de captar e reagir diante dos detalhes, de usar a intuição para aguçar a percepção de como os projetos de desenrolam e, principalmente, de enxergar e valorizar as potencialidades de quem está ao seu redor.

A gestora Lindijan Santos, da Escola Municipal Líbano, localizada em Nossa Senhora das Dores (SE) é um ótimo exemplo de como um olhar atento e sensível pode ser transformador.

Ao notar que a alimentação das crianças não era rica em nutrientes e estava enfraquecendo os estudantes, ela se reuniu com os professores e usou tecnologia para buscar formas de conscientizar os estudantes e transformar a realidade da escola.

“Cria-se em equipe”

A frase curta e simples fala sobre a importância de desenvolver objetivos, sonhos planos em conjunto e unir esforços para alcançá-los. Foi exatamente assim que a EMEF Desembargador Amorim Lima, em São Paulo (SP), se tornou referência de ensino em todo o Brasil há mais de duas décadas.

Ao decidir envolver a comunidade na gestão da escola, por meio do Conselho Deliberativo, os problemas e soluções começaram a ser compartilhados. A dinâmica motivou a criação em conjunto de um novo projeto político pedagógico. Essa história pode ser conferida no documentário Janelas da Inovação, produzido pela Fundação Telefônica Vivo em parceria com o Canal Futura.

Ilustração que faz parte da coleção Escolas Criativas

“A criatividade é uma opção, não uma obrigação. Indispensáveis são o trabalho e a dedicação”
Por fim, o chef defende que de nada adianta querer implementar uma série de mudanças sem perseverança, mesmo quando as condições sejam adversas e os objetivos não possam ser cumpridos. Planejamento é outro aspecto considerado essencial para tornar os propósitos alcançáveis, respeitando uma série de passos e empregando diferentes ferramentas e expressões.

Focar em planejamento, como aconselha Ferran Adriá, pode ser uma saída para vencer algumas barreiras da gestão pedagógica. Segundo a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem, da  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 49% dos diretores apontam a falta de tempo como o principal desafio da gestão escolar e 38% dos gestores brasileiros relatam que não sobra muito espaço para dar atenção às necessidades diárias dos estudantes em atividade escolar.

Gestão inovadora: quatro conselhos de um especialista em criatividade
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