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Descubra como trabalhar a criatividade em qualquer disciplina com o guia Meu Genoma Criativo

Imagem mostra menina de olhos fechados. Atrás dela há uma lousa com elementos que remetem ao espaço desenhados com giz: foguetes, planetas. Um capacete de astronauta dá a impressão de estar na cabeça da criança.

Cronograma, conteúdos, semanas de provas. As aulas voltaram, o planejamento pedagógico já foi pensado e o currículo escolar já está preenchido com conteúdos programados. Dentro deste modelo, pode ser difícil encontrar tempo e espaço para encaixar atividades que estimulem um aprendizado inovador. Mas que tal pensar em alternativas para exercitar a criatividade em sala de aula?

“A criação é sempre um processo de composição de coisas que já temos dentro da gente, ela não surge como uma habilidade inata. O exercício da criatividade segue três eixos: experiência, observação do mundo e imaginação. Tudo isso tem muito a ver com repertório, referências”, afirma Luana Chnaiderman, professora de redação e escritora.

Se a criatividade pode ser considerada uma habilidade a ser desenvolvida pelos alunos, a maneira como o educador se coloca diante desse aprendizado é fundamental.  É o que propõe o guia Meu Genoma Criativo, que faz parte do projeto Escolas Criativas. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Fundação Telefónica Espanha e o chef de cozinha catalão, Ferran Adrià, e incentiva a aplicação da metodologia desenvolvida no restaurante espanhol ElBulli dentro do universo da educação.

Direcionado a educadores que acreditam no potencial criativo de seus estudantes, o material traz reflexões e passos para a autoavaliação em relação às práticas realizadas em sala de aula.

Ativando os superpoderes da criatividade

“Genoma criativo é a expressão de um amplo conjunto de fatores, entre os quais estão inclusos: talento, atitudes, capacidades, conhecimentos, emoções e processos cognitivos”. É assim que Ferran Adrià, que foi considerado o melhor chef de cozinha do mundo e reconhecido por suas experimentações criativas na gerência do restaurante elBulli, define o conceito que abre a publicação.

Partindo da perspectiva de que essas habilidades precisam ser ativadas, o guia trabalha com a ideia de superpoderes criativos e explica como eles podem ser trabalhados junto aos estudantes.

As atividades sugeridas partem da introdução de princípios básicos, como planejamento, espírito crítico, curiosidade, imaginação; passam por aspectos emocionais como desenvolvimento de sensibilidade, paixão e perseverança; e chegam até a consolidação de uma atmosfera criativa, em que os estudantes deverão sentir-se seguros para expor suas dúvidas, medos e particularidades.

“As crianças têm muito medo de errar na frente dos colegas, mas o erro faz parte do processo de aprender. Por isso, é importante valorizá-lo na frente delas, lidar de maneira divertida e trazer a frustração para a discussão. A segurança se constrói a partir daí”, reforça Luana.

Criando personagens superpoderosos

A partir de personalidades do mundo real, o Guia Genoma Criativo mostra como os estudantes podem ativar os superpoderes criativos de uma forma lúdica. O senso de humor é representado pelo cartunista Quino (Mafalda), por exemplo. Já a imaginação, é associada à escritora J.K Rowling (Harry Potter) e assim por diante. O guia sugere que os educadores preparem aulas falando sobre a vida dos personagens e o associem a um superpoder como generosidade, planejamento e perseverança. A partir dessa primeira identificação, os estudantes podem criar máscaras, cards, diários em primeira pessoa, tudo para viver, na pele, a principal característica do personagem que estudaram.

Estímulos em sala de aula

Há mais de vinte anos como professora de Português e já tendo trabalhado com todas as faixas etárias no Colégio Equipe, em São Paulo (SP), a escritora Luana Chnaiderman diz que seu grande forte como educadora são as aulas de redação, sobretudo as de escrita criativa. Ela conta que, às vezes, tira aulas para ouvir o que os estudantes têm a dizer e flexibiliza os critérios de correção.

“Já dei aulas que pareceram ‘aula de fazer nada’, mas foi onde as crianças se sentiram à vontade para trazer um tema, uma questão, algo que estava incomodando. Isso é muito importante para que eles se soltem”, conta a educadora.

Na visão de Luana, outro fator que atrapalha a aprendizagem criativa é a correção. Notas, certo e errado, feio ou bonito. Transformar esses critérios pode ser uma alternativa para que os estudantes se concentrem no que realmente é importante: a imaginação. Para isso, é necessário que o educador combine com a turma qual será o principal aspecto avaliado naquela atividade.

“Se você pediu que os alunos escrevessem sobre o medo em câmera lenta, a correção tem de ser feita em cima desse pedido. Aqui não importa se ele escreve bem ou mal, se conectou os parágrafos ou se acertou a gramática”, reforça a escritora. “No fundo, todos nós somos criativos. Não existe alguém que é mais apto ou menos apto, é uma questão de estímulos”.

Autoconhecimento em pauta

Para criar o mapa do Genoma Criativo, é preciso dar aos alunos a oportunidade de conhecerem a si mesmo. Ou seja, mapear aspectos pessoais como as atitudes, os gostos, as etapas que marcaram suas vidas. Como seria o filme da sua vida? Se você pudesse pedir três desejos, quais seriam? Que tal, depois de estudar os superpoderes, identificar qual é o seu? Essas são algumas das perguntas que podem ser feitas aos estudantes através de atividades em sala de aula.

Criatividade é interdisciplinar

Tirar as crianças da sala de aula e apresentá-las a exposições de fotografia, cinema, teatro, documentários e podcasts ajuda a compor o acervo de elementos que serão recriados e recombinados pela imaginação. Além dessas atividades ajudarem a desenvolver a criatividade, elas podem ser incorporadas por todas as disciplinas.

Luana Chnaiderman relembra que a imaginação é um produto de recortes de elementos que fazem parte da nossa experiência e observação. Mas é importante também que as crianças tenham espaço para exprimir, à sua maneira, como recebem os estímulos.  Pedir para que os estudantes tragam temas e materiais que gostem para a sala de aula é uma maneira de deixá-los motivados.

“O assunto é videogame? Que tal uma partida de RPG com personagens criados por eles? O tema é Pokémon? Por que não criar cards dos superpoderes? É muito difícil eles não quererem se envolver nessa produção”, complementa a educadora. “Exercitar a criatividade trabalha a capacidade de foco, a habilidade de estar consigo mesmo e a flexibilidade para lidar com as impossibilidades. São competências interdisciplinares e fundamentais para viver nos dias de hoje”, conclui.

Como estimular a criatividade em sala de aula?
Como estimular a criatividade em sala de aula?