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A professora gaúcha foi uma das primeiras a trazer a educação digital como ferramenta de inclusão. Saiba mais!
Matéria atualizada em 15/03/2022

#Educação#Educadores#TecnologiasDigitais

Léa Fagundes, professora pioneira da educação digital em sala de aula ao lado de alunos em uma escola

Quando a professora Léa Fagundes começou a lecionar, há mais de sessenta anos, a expressão educação digital não existia. Bem como a noção de inclusão, que estava longe de ser prioridade em 1960.

Assim sendo, não é exagero chamá-la de pioneira. Com curiosidade e um olhar atento para o protagonismo infantil, Léa foi uma das primeiras educadoras brasileiras a considerar as tecnologias digitais como potencializadoras do aprendizado em sala de aula.

Ao longo de sua carreira na educação, a professora gaúcha se dedicou à pesquisa sobre os processos de aprendizagem das crianças. Por essa razão, fundou o Laboratório de Estudos Cognitivos – LEC, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Em seguida, Léa se formou Doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano. Antes de mais nada, usou como base os ensinamentos do pensador Jean Piaget para tentar entender o impacto da educação digital  no desenvolvimento infantil.

Atualmente com 92 anos, a professora aposentada é referência internacional no que se refere à cultura digital nas escolas. Acima de tudo, deixa um legado em construção para as mulheres que transformam a educação com o uso de tecnologia.

 

Por uma escola inovadora 

Antes de fundar o Laboratório de Estudos Cognitivos, Léa Fagundes atuou como professora e coordenadora pedagógica por mais de 20 anos. Na época, as escolas eram locais de hierarquias definidas, posturas rígidas e um ensinamento restrito ao conteúdo.

Sendo assim, não demorou até que as autoridades de Novo Hamburgo (RS) procurassem na trajetória de inovação da educadora uma forma de apresentar a educação digital para os professores da rede.

Como resultado,  a cidade se tornou o primeiro município brasileiro a ter computadores nas salas de aula. Ao todo, cerca de 11 mil pessoas, entre estudantes e educadores, foram impactadas por esse projeto de formação continuada.

“De modo inesperado, a tecnologia digital se desenvolve e amplia as direções nunca antes previstas. Por outro lado, a escola que temos há 300 anos permanece na era industrial. O futuro da escola é ingressar na cultura digital”, reflete Léa.

Léa Fagundes: referência em educação digital 

A partir de então, Léa Fagundes passou a receber convites para integrar diversos projetos ao redor do país. Ao passo que a educadora pôde contribuir com pesquisas sobre educação a distância, integração de tecnologias na escola básica e inclusão digital.

Ao mesmo tempo, seu trabalho na área de educação digital começou a repercutir fora do país. Durante a década de 1990, Léa realizou consultorias internacionais sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e formação docente.

Desde 1994 ela integra o Comitê Assessor em Informática do Ministério da Educação, tendo coordenado o projeto Um Computador por Aluno (UCA) na região Sul. A iniciativa tem como objetivo propor práticas pedagógicas integradas ao uso de recursos digitais.

Um caminho para o protagonismo  

Apesar de defender a educação digital, Léa Fagundes é categórica ao afirmar que apenas colocar computadores em sala de aula não é sinônimo de revolução na escola: “Só uma nova cultura pode revolucionar a educação e a sociedade no planeta Terra”, acrescenta.

Durante seus anos lecionados, percebeu que toda criança tem a capacidade de aprender. Ou seja, é preciso que os estudantes sejam respeitados como protagonistas do próprio aprendizado.

“Nesse sentido, o papel do educador não pode ser o mesmo do condicionador de comportamentos prévios, mas sim o de mediador que estimula o protagonismo dos estudantes”, ensina Léa.

De acordo com a pedagoga, “os entraves são propostos pelas gerações de adultos que relutam para ingressar na cultura digital”. Em contrapartida, Léa sempre acreditou que o avanço das tecnologias digitais ajudaria a impulsionar mudanças importantes no ambiente escolar.

Inclusão digital, por Léa Fagundes

Aliás, quando a palavra inclusão aparece, Léa puxa pela mão outra palavra tão importante quanto: a democratização.

Segundo ela, avanços no campo da educação digital não são o suficiente para uma transformação radical da sociedade se não atingem todas as camadas da população. Para tanto, Léa aponta um caminho possível:

“Como os abismos sociais poderão diminuir? Derrubando o muro de preconceitos e permitindo as constantes trocas e experiências inovadoras. Além disso, é preciso aprender a formular problemas e avaliar cooperativamente novas soluções”, conclui a educadora.

Educação digital através de gerações 

Assim como Léa Fagundes, a educomunicadora Priscila Gonçalves defende a causa da educação aberta e dos direitos digitais. Desde que começou a atuar na área de educação, há cerca de 20 anos, trabalha pela inserção de tecnologias digitais nas escolas.

“Foi quando conheci a Léa, que se tornou uma das minhas primeiras influências”, relembra. “Definitivamente, ela é uma educadora-ativista. Uma mulher à frente do seu tempo”.

Não à toa, em 2010, Priscila fundou o Instituto Educadigital. Trata-se de uma organização da sociedade civil que desenvolve estudos, pesquisas e formação continuada em prol da cultura digital na educação.

Do mesmo modo, Priscila também se destacou na área por meio de seu empreendimento. Em 2019, o Educadigital foi indicado ao prêmio WSIS, da Cúpula Mundial para a Sociedade da Informação da ONU.

“Ao contrário do que pensamos, a tecnologia não é uma mera ferramenta. A Léa sempre defendeu que passássemos a enxergar a cultura digital como uma área do conhecimento, capaz de desenvolver competências que podem transformar o nosso entorno” , finaliza Priscila.

Leia mais: Conheça mulheres que transformam a educação com o uso da tecnologia

Conheça a história de Léa Fagundes, professora pioneira da educação digital em sala de aula
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