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Pesquisa mostra que professores brasileiros querem usar novas tecnologias em sala de aula, apesar das dificuldades. Entenda os desafios na adoção deste modelo de ensino.

#EnsinoHíbrido

Imagem mostra grupo de quatro pessoas usando tablets

Especialistas já professaram: até 2030 a educação na maior parte do mundo será personalizada, centrada nos interesses de cada estudante, além de híbrida, com conteúdos online ocupando a maior parte da grade curricular. Se você pensa que nosso país está muito longe de alcançar essa realidade, engana-se!
É verdade que grande parte das escolas brasileiras luta contra a falta de infraestrutura e baixa conectividade. Porém, é também cada vez mais comum a percepção de que a apropriação de novas tecnologias melhora a qualidade do ensino-aprendizagem. Foi o que mostrou um novo relatório do Instituto Clayton Christensen, que há mais de uma década estuda o potencial disruptivo da aprendizagem online nos Estados Unidos.

Foi a primeira vez que a organização norte-americana focou em outros países, colhendo dados do Brasil, da Malásia e da África do Sul com o objetivo de identificar os obstáculos e as oportunidades do ensino híbrido. A amostra brasileira considerou 110 entrevistados de 19 estados, entre professores, coordenadores e diretores. A metade deles atua em escolas públicas.

Julia Freeland Fisher, uma das autoras do estudo, dá a boa notícia. “As escolas brasileiras foram bons exemplos de uma mudança de mentalidade importante. Em vez de usar a tecnologia pela tecnologia, muitas delas mostravam foco em novas metodologias para impulsionar o aprendizado”, aponta a pesquisadora.

Essa tendência apareceu tanto nas visitas que a equipe norte-americana fez a escolas brasileiras como no questionário respondido pelos educadores. Quando perguntados sobre as principais motivações para o uso de tecnologia em sala de aula, as opções mais apontadas foram: a busca por programas que facilitem o aprendizado personalizado (72%), promoção da competência e aprendizagem (67%) e melhora dos resultados acadêmicos (62%).

A maioria dos professores é mais propensa a usar a tecnologia apenas como complemento ao ensino tradicional. Mesmo assim, eles reconhecem os benefícios do ensino híbrido. Para 72%, o uso de novas tecnologias em sala de aula melhora o aprendizado emocional e social dos alunos, e 79% dizem sentir os estudantes mais engajados com conteúdo híbrido.

 

Riqueza tecnológica X modelo combinado

Existe uma grande diferença entre agregar tecnologia no ambiente escolar e promover, de fato, o aprendizado híbrido. O modelo combinado leva em conta dois conceitos fundamentais: personalização e coleta de dados. Combina, portanto, a autonomia do estudante e atividades online a elementos típicos da educação offline, como trabalho em grupo, leitura e atividades mão na massa. São mudanças profundas na maneira como a escola é formada. E mudanças podem assustar.

Talvez por isso quase 80% dos entrevistados brasileiros apontaram a capacitação profissional de alta qualidade como o principal desafio para o uso de tecnologias em sala de aula, seguido por conectividade (62,7%) e infraestrutura (41,8%). Além disso, 25% dos educadores assumem ter dificuldades de relacionar aprendizado online e offline.

Segundo Julia Freeland, várias escolas adotam o uso de tecnologia, mas não propriamente a do ensino híbrido. “A internet, os jogos online, as redes sociais e os buscadores podem estar sendo usados para coordenar o aprendizado, mas a experiência é pouco eficiente quando não é conectada com experiências de aprendizagem off-line. O que só acontece quando os professores usam dados para refletir e moldar suas práticas”, explica.

Por isso, a recomendação é que os esforços de desenvolvimento profissional vão além de instruir os professores a usar os recursos e ferramentas específicas. Segundo a especialista, é importante ajudar o professor a entender o porquê e como a tecnologia pode apoiar uma revolução metodológica.

 

Novos caminhos na prática

Adaptar o uso de recursos tecnológicos a determinados conteúdos, controlar a dispersão de estudantes com tablets e smartphones, encontrar cursos de formação continuada que ensinem mais sobre o modelo híbrido e superar a rigidez do modelo curricular vão ao encontro dos temas da pesquisa e são pontos trabalhados nos cursos de capacitação de professores ministrados por Everton Tadeu Gonçalves, na EM Manoel Domingos (PE), que integra o Programa Inova Escola.

O analista educacional do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados), em Recife, chama a atenção para que a sociedade se engaje na criação de políticas públicas que permitam um currículo mais flexível, com maior liberdade ao educador.

Enquanto isso, ele recomenda que cada escola faça o seu papel na promoção do ensino híbrido. Como? “Desenvolvendo ambientes que promovam o compartilhamento de informações, de como que o processo seja sistematizado e construído de forma colaborativa por todos da escola: educadores, gestores, estudantes e comunidade”, indica o analista.

Infográfico mostra dados da pesquisa Blended Beyond Borders, em tradução livre: O Ensino Híbrido Além das Fronteiras. Foram ouvidos 110 entrevistados no Brasil, sendo 50% de escolas particulares e os demais 50% de escolas municipais e estaduais


 

Ensino híbrido no Brasil está mais perto do que você imagina
Ensino híbrido no Brasil está mais perto do que você imagina