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Apoiada pela Fundação Telefônica Vivo, a inciativa derruba paredes para ter os alunos como protagonistas de suas histórias.

 Projeto GENTE derruba paredes para que o aluno se torne protagonista de sua aprendizagem.

Maior comunidade do Brasil, a Rocinha ondula nos morros da Zona Sul carioca, expondo duros contrastes sociais. As questões territoriais sempre fizeram parte da formação da comunidade, de mais de 100 mil habitantes, e foi uma grande vitória quando um clube de classe média fronteiriço foi adquirido pela prefeitura e reestruturado para formar a Escola Municipal André Urani. Em 2013, o prédio começou a abrigar um projeto pioneiro de inovação na educação: o GENTE – Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais.

Funcionando para alunos dos últimos anos do Ensino Fundamental – 7º, 8º e 9º anos – o GENTE foi projetado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, e dissolve fronteiras e limites educacionais para proporcionar aos seus 240 alunos um ensino que preze pela autonomia. Isso se evidencia pela arquitetura escolar: no modelo inicialmente idealizado para o projeto GENTE, as aulas aconteceriam simultaneamente em um par de amplos salões sem divisórias e sem paredes com mesas arredondadas e bastante espaço para circulação e interações.

O modo como a escola foi construída influencia sua pedagogia, e isso é fundamental para que o processo inovador de educação se constitua. Não só as paredes foram extirpadas, como também os ideais tradicionais de turmas e disciplinas. “A ideia é que os alunos ficassem divididos em dois grandes salões, acompanhados pelos professores mentores, trabalhando em famílias, estimulando a colaboração e desenvolvimento de soluções coletivas para as dificuldades cotidianas”, explica Alexandre Rodrigues, gestor operacional do projeto.

Com a experiência vivida pelos mentores, sentiu-se a necessidade de um espaço menos amplo, onde cada professor pudesse desenvolver as atividades dentro de sua área de formação, inclusive na fixação de determinados conteúdos mais densos. Um dos salões foi então dividido em salas menores – os Laboratórios de Aprendizagem – onde os alunos são atendidos pelos mentores em grupos pequenos, ainda fora do modelo de seriação.

Para dividir os estudantes em grupos que atendessem suas expectativas e interesses, a escola conduz um processo de avaliação de cada um. São considerados não somente suas habilidades dentro de conteúdos tradicionais, como português ou matemática, como também por seus conhecimentos não-cognitivos (características da personalidade, por exemplo).

Feita essa avaliação, que continua servindo como guia durante todo o percurso estudantil, o aluno é encaminhado para uma “família”, time guiado por um professor mentor. “Percebemos que o diferencial do GENTE é que conhecemos os alunos pelo nome, buscando diálogo frequente com suas famílias e histórias, envolvendo a todos nesse processo. Dessa forma, toda a equipe tem o mesmo compromisso, descobrindo talentos e estimulando o crescimento e amadurecimento desse aluno e do seu projeto de vida”, detalha a professora Marcela Oliveira, diretora-geral da escola apoiada pela Fundação Telefônica Vivo e pelo Instituto Natura.

Como a autonomia é altamente encorajada entre os estudantes, para que eles possam desenvolver sua aprendizagem, o papel do professor também se transformou. Ao invés de ser responsável por um conteúdo único e fixo, ele também derruba as fronteiras que separam disciplinas. Para isso, ele atua como mentor, oferecendo orientação dentro da sua área de conhecimento, mas também expandindo-a para outras de forma colaborativa e interdisciplinar. Cada mentor é responsável por um time, composto por quatro famílias.

Os dispositivos móveis e a inovação tecnológica desempenham papel importante dentro de uma construção nova de saberes; cada aluno tem à sua disposição durante as atividades um notebook. Um bom exemplo de plataforma de estudos é a Geekie, apresentada oficialmente como a “única tecnologia de aprendizado personalizado certificada pelo MEC”. De acordo com Claudio Sassaki, cofundador e CEO da iniciativa, em entrevista ao Portal G1, trata-se de uma “plataforma que fala a língua do jovem”: as vídeoaulas e a interação com o conteúdo interativo pode acontecer de qualquer ponto de acesso.

Marcela garante que a tecnologia é facilitadora, mas que o conhecimento não está atrelado aos dispositivos, e sim, ao que eles podem oferecer como ferramenta. “Estamos interessados no quanto a tecnologia amplia o aspecto de inovação às possibilidades metodológicas de aquisição de conhecimento”.

Alexandre e Marcela reforçam o papel do GENTE como experiência laboratorial: os saberes construídos e desconstruídos podem servir como referência para iniciativas que também queiram inovar seus métodos e não saibam por onde começar. A inovação vai muito além de dispositivos eletrônicos ou das paredes inexistentes; ela faz parte de um processo de transformação radical da escola, onde o acolhimento, o respeito e a disposição de conhecer a fundo seus alunos tornam a aprendizagem personalizada.

Escola sem fronteiras: conheça o projeto GENTE, modelo de inovação na educação no Rio de Janeiro
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