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Consultora Daniela Klaiman explica o trabalho de um futurista e traça cenários para a educação e tecnologia para as próximas décadas

Imagem moderna de pessoa tocando tela high-tec

Consultora Daniela Klaiman explica seu trabalho e traça cenários para a educação e tecnologia

O avanço acelerado da tecnologia e das ciências faz com que mudanças em diversas áreas da sociedade, como relações de trabalho, educação e costumes aconteçam com muita rapidez. Mas como saber o que vai acontecer nos próximos 10 ou 20 anos? É justamente esse o desafio de um profissional chamado de futurista, que analisa o que pode ocorrer em um horizonte considerável de tempo.

“O futurista faz uma criação de cenários futuros a partir de uma análise baseada nos estudos de hoje, que levam a uma criação desses panoramas possíveis”, explica Daniela Klaiman, futurista e consultora de comportamento e tendências do consumidor.

Segundo Daniela, há diferentes futuros a serem estimados. “Há um futuro mais próximo, de tendências, que analisa o comportamento das pessoas, dos consumidores e se dedica aos próximos 2 a 5 anos. Já o futuro mais longo pensa de 5 a 50 anos. Minha especialidade é juntar esses dois futuros”, diz.

Formada em Publicidade, Daniela fez pós-graduação em Coolhunting & Trends (pesquisa de tendências) na Espanha. Posteriormente, se especializou em tecnologia, futurismo e empreendedorismo na Universidade de Jerusalém (Israel).

Durante 5 anos, foi diretora de Planejamento na Box1824, onde realizou trabalhos para grandes marcas. Atualmente, é consultora, professora de cursos sobre futurismo e cofundadora de duas startups: Unpark, que trabalha com o futuro do estacionamento, e WinWin, dedicada a mídias de realidade aumentada para propiciar experiências relacionadas a marcas.

Daniela considera que essa trajetória se deu de modo natural, sem um planejamento específico, uma vez que o futurista, na sua visão, ainda não é considerado um profissional oficial. “No Brasil, [esse ramo de atuação] é bem recente e pequeno. Acredito que não há empresas que contem com um futurista fixo. Nós costumamos atender as áreas de inovação das empresas por meio de consultorias, treinamentos, workshops, levando para elas um formato exponencial [inovações que provocam mudanças, criam novos negócios e alteram hábitos].”

A educação no futuro

No Brasil, ainda há poucos cursos sobre futurismo. Assim como os ministrados no resto do mundo, costumam ser de curta duração, o que, para Daniela, está em sintonia com uma das ideias sobre o futuro da educação. “Acho que, no futuro, não fará muito sentido falar em graduação, pois ela não atenderá à velocidade das pessoas, uma vez que você passará quatro anos estudando um tema e, ao fim do curso, seus conhecimentos já estarão obsoletos”.

De acordo com Daniela, é difícil prever mudanças na área, mas ela considera necessária uma drástica alteração de paradigma. “A educação deverá mudar muito porque nosso modelo de escola atual nasceu junto com a Revolução Industrial. A escola é basicamente um espelho da indústria – nas duas há uniformes, turnos, sinais para intervalo, todo mundo sendo avaliado pela média e não por ser como é. Não faz mais sentido”, analisa. “Devemos formar pessoas para a vida”, aponta, prevendo, também, uma transformação do papel do professor nesse novo modelo.

Um dos caminhos possíveis, de acordo com a consultora, é o PBL (sigla em inglês para Aprendizagem Baseada em Problemas). Nessa metodologia, o aluno aciona seu repertório quando é colocado diante de uma necessidade, e assim se dá a aprendizagem.

Nesse novo cenário, o professor assume a função de mentor, superando o ‘eu sei, você não sabe’, aponta Daniela. Cabe ao educador resumir o que foi aprendido e fazer as conexões necessárias.

“A escola deve ensinar o ser humano a lidar com informações, pensar cenários futuros e suas implicações”, defende Daniela.

O futuro do trabalho

Entre as principais discussões sobre o futuro está a questão do trabalho, assunto para o qual Daniela aponta duas visões. “A visão pessimista indica que, em 2030, metade dos empregos que existem hoje vão desaparecer por causa da automação”, diz ela. Nesse caso, observa, já se discute a distribuição de renda mínima universal e até a cobrança de impostos de robôs.
A visão otimista sobre o futuro do trabalho defende que vão surgir novas necessidades e, a partir do momento que a máquina assumir atividades mecânicas, os seres humanos ganharão tempo para desempenhar funções mais livres, criativas e intelectuais.

Para a futurista, no entanto, o ponto positivo de discutir o que vem por aí é a possibilidade de desenhá-lo no momento. “O mais importante quando se fala de futuro é ter ética, porque se não o desenhamos bem, podemos fazer um futuro com desigualdades sociais ainda maiores, reproduzindo comportamentos preconceituosos nas máquinas”, aponta.

Daniela cita o exemplo da hegemonia de visões que já ocorre na área de tecnologia. “Hoje são umas cinco empresas, comandadas por poucas pessoas no Vale do Silício, todas brancas, homens, de classe alta, que estudaram em Harvard e com a mesma visão de mundo, tomando decisões sobre o futuro. É preciso democratizar esse processo”, diz.

Visões de Futuro+15

Desde 2014, a Fundação Telefônica Vivo desenvolve o estudo Visões de Futuro+15, que por meio da análise de dados, pesquisas qualitativas e mapeamentos digitais busca responder a seguinte pergunta: como será o mundo daqui a 15 anos? Quais comportamentos e tecnologias serão destaques no Brasil e nos demais países? Quer saber mais? Acesse Visões de Futuro+15

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