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Criado em 1976, CEMAR tornou-se referência na luta pelos direitos de crianças e adolescentes na cidade de Pombal

Seis crianças do Projeto Cemar sentam-se no chão para brincar

No sertão da Paraíba, a 400 km da capital João Pessoa e com 31.524 habitantes, o município de Pombal é conhecido pelas boas práticas na defesa de direitos de crianças e adolescentes. Em reconhecimento a isso, recebeu o selo Prefeito Amigo da Criança, em 2015.

Agora, a cidade busca ser reconhecida como a Capital Sertaneja dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. A história de luta, no entanto, começou em 1976, nas mãos da professora Margarida Pereira da Silva, que morreu em 2000.

Junto a um grupo de alemães, ela fundou o CEMAR (Centro de Educação Margarida Pereira da Silva), após se tornar a primeira professora de inglês da cidade.

“Imagine uma mulher negra, de origem humilde, que saiu de Pombal para estudar e voltou graduada em Letras, desenvolvendo projetos voltados à infância e juventude, jamais realizados na região”, diz José Ribeiro, atual presidente do CEMAR.

Mais conhecido como Zé Ribeiro e atualmente com 43 anos, o presidente foi uma das primeiras crianças atendidas por Margarida. Aos 3 anos, ele passava o dia na instituição, enquanto sua mãe trabalhava.

Em entrevista à Fundação Telefônica Vivo, ele fala sobre a trajetória de luta pelos direitos de crianças e adolescentes do município de Pombal e do legado da professora: 

Como começou o CEMAR?

Em 1976, com Margarida Pereira da Silva, apoiada por um grupo de alemães. Ela tinha uma grande preocupação com crianças e adolescentes, mas não existia nenhum trabalho voltado ao social e à justiça na época.

Tudo começou com uma creche e aos poucos foi crescendo, se tornando uma referência. Ela foi um ser humano incrível, mas infelizmente morreu. 

Como o projeto se desenvolveu após a morte dela?

A Margarida deixou uma semente plantada. Nós apenas continuamos o trabalho dela, regando as plantas. Margarida era uma mulher negra, vinda de uma família pobre, com 5 irmãos.

Ela foi a primeira professora de inglês de Pombal, formada em Cajazeiras – uma grande conquista para uma cidade pequena, do sertão do Nordeste, ainda arcaica e dominada por coronéis.

Apesar de ter morrido muito cedo, aos 50 anos, Margarida modificou a relação social da cidade com o protagonismo infanto-juvenil e a intervenção social, promovendo a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Como funciona o CEMAR atualmente?

Trabalhamos com quatro eixos. O primeiro deles é a articulação política e institucional, por meio da intervenção nos conselhos municipais, política pública e elaboração do pensamento junto a setores da sociedade civil.

Investimos também no protagonismo infanto-juvenil, além do acompanhamento sócio-comunitário e familiar, gerando trabalho e renda e apoiando grupos minoritários, como comunidades quilombolas.

Também atuamos a favor do esporte, cultura e lazer, por meio de oficinas que acontecem dentro da instituição. Nossa sede própria tem quadra, refeitório e salas para cursos de formação e qualificação profissional, como maquiagem, corte e costura, manicure e mecânica de moto.

Esses cursos são voltados para as famílias dos meninos atendidos, que chegam a nós por iniciativa própria e também pela busca ativa. Atualmente, atendemos 350 crianças e 222 famílias, com a colaboração de 25 funcionários (sendo 15 voluntários) e um quadro de 10 educadores sociais.

Quais foram as transformações que o CEMAR gerou na sociedade?

A maioria dos meninos e meninas qualificados profissionalmente pelo projeto é de famílias pobres, da zona rural. É comum ouvi-los dizer orgulhosos que passaram pelo CEMAR.

O último levantamento que fizemos, há 5 anos, mostrou que o número de crianças e adolescentes atendidos pelo projeto já chegou a 7.500. Além disso, assessoramos projetos das cidades vizinhas: São domingos, São Bentinho e Cajazeirinhas, principalmente nas comunidades quilombolas.

Quais são os próximos passos do projeto?

Queremos receber o título de Capital Sertaneja dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, pelo histórico da professora Margarida.

Se antes não tínhamos ação nenhuma voltada à infância e juventude, hoje temos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), Conselho Tutelar, Conselhos de Direitos e um leque de informações e serviços que nos diferenciam de outras cidades de grande porte.

Projeto de educadora transforma cidade do sertão da PB
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