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Indicadores refletem uma série de aspectos da solidariedade pelo mundo a partir de ações voluntárias como ajuda a um estranho, doação em dinheiro e doação de tempo

Ser solidário significa ter empatia pela condição do outro e colaborar ativamente para que haja uma transformação na realidade. Sendo assim, a solidariedade está diretamente ligada ao desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. A posição do Brasil no Ranking Mundial de Solidariedade – que caiu do 75º lugar para o 122º em um ranking de 146 países – traça paralelos importantes com relação aos desafios sociais que temos enfrentado.

Anualmente, a organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), em parceria com o Instituto Gallup, divulga o World Giving Index, ranking que mede os principais indicadores de solidariedade em 146 países.  Os indicadores são construídos a partir de entrevistas – o último relatório contou com 150 mil entrevistados – e giram em torno de três tipos de ações: ajuda a um estranho, doação em dinheiro, doação de tempo (voluntariado).

Os resultados refletem uma série de aspectos sobre uma sociedade e vão desde predisposições culturais, econômicas e governamentais, até mobilizações que se destacam em nações em guerra ou escassez de recursos naturais. O principal objetivo do relatório é servir de material para que as organizações governamentais e não governamentais possam se fortalecer e estimular as populações a trabalharem juntas em prol do crescimento coletivo.

“O brasileiro ainda não enxerga a doação como um ato de cidadania e transformação social”, afirma Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), organização responsável por representar a CAF no Brasil. “Precisamos sensibilizar os cidadãos para o papel das organizações da sociedade civil e a importância de traçar um paralelo entre o que a gente quer que mude e o nosso apoio a uma causa”.

Condições para ser solidário

Segundo o último World Giving Index, que leva em conta dados recolhidos no período de 2017 para 2018, os níveis de doação no Brasil caíram de 21% para 14%, levando-o a ocupar o último lugar entre os países da América Latina (10º). Esta é a posição mais baixa que o país atingiu desde que o Índice de Doação Global é medido.

“A crise política e econômica afeta diretamente a atitude solidária do brasileiro, envolvendo também uma falta de confiança em relação ao futuro, o que inspira posturas mais individualistas”, acredita Fabiani.

Apesar de ter alcançado um patamar de solidariedade abaixo do esperado, o Brasil ainda ocupa uma posição de destaque em uma das modalidades avaliadas pelo ranking: o auxílio a desconhecidos. Cerca de 40% da população de brasileiros não mede esforços para ajudar alguém desconhecido que esteja em necessidade, o que é uma das atitudes mais básicas do trabalho voluntário.

Na opinião de Sérgio Lopes, consultor em desenvolvimento organizacional, a perspectiva de uma maior mobilização solidária deve ser alcançada pelas próximas gerações, que estão deixando de lado a competitividade e valorizando mais os trabalhos, causas e tecnologias com propósito alinhado às necessidades globais.

“Cada vez mais a gente desenvolve a autoconsciência de que precisamos interagir com outras pessoas, dependemos dessa cooperação e colaboração”, acrescenta o consultor. “Além de trabalhar competências como trabalho em equipe e resiliência, o voluntariado é um lembrete constante de que somos apenas mais um em prol de um objetivo maior”.

Voluntariado e o desenvolvimento de competências

Atualmente, é muito comum ver empresas apoiarem organizações não governamentais e trabalhos voluntários. Na visão de Sérgio Lopes, isso é um ponto muito positivo, desde que não faça parte apenas do marketing e da propaganda da instituição. “Trabalhar de maneira colaborativa para ajudar o próximo tem que fazer parte do propósito da empresa em retornar para a sociedade algo além do lucro”.

O Programa de Voluntariado da Fundação Telefônica Vivo é um projeto global que oferece aos colaboradores a possibilidade de participar de ações voluntárias presenciais ou a distância nas mais diferentes áreas. Saiba mais sobre as iniciativas realizadas ao longo do ano.

Outra oportunidade que as empresas podem aproveitar com o desenvolvimento de um programa de voluntariado que faça sentido, é o próprio desenvolvimento dos seus funcionários. Ao proporcionar experiências que incentivem a conexão com realidades diferentes e o desempenho de funções básicas, eles poderão alavancar a carreira aprimorando competências individuais, como a resiliência, criatividade na resolução de problemas, trabalho em equipe e empatia.

Descubra sua Causa

Os países de origem anglo-saxã, como Inglaterra, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, costumam estar entre os melhores colocados no ranking. De acordo com Paula Fabiani, isso tem muito a ver com a cultura herdada dos princípios da religião protestante. Ao mesmo tempo em que a riqueza é incentivada, o envolvimento comunitário é cobrado. Os incentivos fiscais também contribuem para uma incidência maior do voluntariado.

O IDIS busca trazer essa mudança de mentalidade para a formação cultural brasileira. A campanha Descubra sua Causa, foi lançada para provocar a sensibilização, propondo um teste com nove perguntas simples que relacionam as pessoas a um dos cinco personagens criados para representar um grupo específico de causas. Além disso, através de um trabalho de advocacy no Congresso, foi possível aprovar, no início de 2019, a Lei dos Fundos Patrimoniais, que visa estruturar os incentivos fiscais para doações e suporte à ONGs.

Ranking mundial mede grau de solidariedade em 146 países
Ranking mundial mede grau de solidariedade em 146 países