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Viamão era um município entusiasmado pela ideia de conectar a Zona Rural pela tecnologia. Por isso, levamos o Projeto Escolas Rurais Conectadas para lá!

Saiba como o Laboratório Digital de Viamão (RS) mudou a rotina da comunidade escolar ao aliar tecnologia e educação integral.

Acessar a internet para realizar uma pesquisa, armazenar documentos no Google Drive ou mesmo usar o YouTube para assistir a uma palestra. Para muitas pessoas, tais tarefas parecem tão comuns no dia a dia que deixam até de ganhar a devida importância. Mas não é bem assim em todo o Brasil: ainda há muitas áreas sem conexão ou equipamentos adequados para que as comunidades recebam e desbravem o mundo virtual – no campo, apenas 19% das escolas possuem laboratório de informática e 6% têm acesso à internet, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

A ideia do Escolas Rurais Conectadas (ERC), projeto da Fundação Telefônica Vivo, é justamente a de levar o acesso à rede às áreas rurais, não só por meio da conexão, como no apoio aos professores do campo com a oferta de cursos a distância planejados, gratuitos e adequados à realidade dos educadores e de seus alunos.

Um exemplo pioneiro acontece em Viamão, no Rio Grande do Sul. A despeito da proximidade da capital gaúcha e de sua população (Viamão está localizada a 25 quilômetros de Porto Alegre e possui cerca de 250 mil habitantes), a cidade tem grande extensão rural. Uma de suas escolas do campo, a municipal Zeferino Lopes de Castro, tornou-se modelo graças a um projeto inédito no País (e muito bem-sucedido) que propõe a associação da tecnologia à educação integral.

Laboratório de ideias

A fim de expandir o Projeto Escolas Rurais Conectadas e criar o primeiro laboratório tecnológico ligado ao programa, a Fundação escolheu um município bastante entusiasmado pela ideia de conectar a Zona Rural. E Viamão foi pra lá de receptivo: tanto que todo o esboço para a implantação do laboratório partiu da própria escola.

Por meio da parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o colégio de Ensino Fundamental recebeu, em meados de 2013, conexão de internet via fibra ótica, computadores e kits de robótica, além de capacitações que ajudaram a qualificar o corpo docente a lidar com a tecnologia para criar um laboratório digital dentro da própria escola, o Laboratório de Viamão.

“Trata-se do primeiro município brasileiro a desenvolver a inovação metodológica na educação do meio rural”, afirma Mila Gonçalves, gerente de Projetos Sociais da Fundação Telefônica Vivo. “É um exemplo para o Brasil, por se comprometer com criatividade, liderança e empreendedorismo, categorias que compõem o conceito de Competências do Século XXI”, explica.

“Que escola nós queremos?”

 

 

Foi a partir dessa questão que o corpo docente de Viamão começou a repensar o ambiente escolar, as diretrizes pedagógicas, o modo de aprender e ensinar.

Inclusive, durante o planejamento, uma das questões mais latentes foi: como lidar com a implantação da tecnologia na comunidade e respeitar sua adaptação? “O processo de transformação para entender e adaptar a tecnologia aconteceu aos poucos”, relembra Maria Clarice de Oliveira, secretária municipal de Educação e ex-professora de escolas do campo.

No começo, alguns pais não aceitaram muito bem a ideia de ver seus filhos trabalhando com computadores. “Vão acabar com a lousa e com o caderno?” questionavam, preocupados com o método tradicional de educação. “Com o tempo, fomos construindo o Laboratório e mostrando que o uso de gadgets e da robótica, ainda novos para a comunidade, seria útil e bem-vindo”, afirma a secretária. “É importante dizer: o computador nunca vai substituir o professor ou um livro. Trata-se de um recurso que agregará ao trabalho do educador em sala de aula”, ressalta Maria Clarice.

Patrícia Schafer, da Associação Telecentro de Informações e Negócios (ATN), empresa parceira na execução do projeto, mantém a linha de raciocínio. “Consideramos, desde o início do processo, que receber as famílias e acolher suas eventuais angústias quanto aos novos rumos da escola era algo necessário e positivo. Elas têm o total direito de busca desse entendimento. E quando compreendem o projeto como suporte para o crescimento social e intelectual de seus filhos, tornam-se francas apoiadoras.”

Com o tempo, as famílias não apenas aceitaram a nova realidade, como passaram a fazer parte dela. Segundo Maria Clarice, “as reuniões de pais passaram a ser mais frequentadas. Também notamos o interesse pelo acompanhamento mais próximo da produção e das tarefas dos filhos”.

Efeito multiplicador e integral

Na primeira fase do projeto, a Fundação Telefônica Vivo distribuiu um tablet para cada aluno do 1º ao 3º ano e um netbook para cada aluno do 4º ao 9º ano. Todos os 106 estudantes da escola foram contemplados. Em paralelo, implantou-se a conexão de fibra ótica com velocidade de 54 Mb, para melhorar o acesso ao mundo virtual. “Em menos de seis meses, nossos alunos evoluíram tanto… Eles criaram e aprenderam muito. Nunca vi algo assim”, comemora Maria Clarice.

O avanço dos alunos da Escola Zeferino realmente impressiona: além de realizarem suas atividades escolares utilizando o Google Apps For Education, os estudantes ainda criaram websites para mostrar seus trabalhos e usufruíram da nuvem para trocar informações, fazer uploads e downloads.

Patrícia Schafer, que também é doutora em Informática na Educação, aponta: as tecnologias digitais hoje são entendidas por todos os envolvidos como propulsoras de uma mudança de cultura e de uma nova relação entre o aprendiz e a construção do conhecimento. “Mais do que instituir novas disciplinas, o Laboratório

de Viamão

reformulou o currículo. O eixo integrador dos diferentes momentos que compõem a agenda da escola passou a ser o desenvolvimento de projetos de aprendizagem, originados de indagações e curiosidades genuínas dos estudantes”, diz.

A criação do Laboratório de Viamão foi basilar para construir a Educação Digital de Turno Integral (EDITI) na cidade. “O corpo docente optou por uma escola em turno integral, com um novo projeto pedagógico”, comenta a secretária de Educação. Entre os princípios da EDITI, além do turno integral, estão a dedicação exclusiva do professor, o trabalho por projetos, a ênfase no desenvolvimento de competências e a reorganização de tempos, espaços e processos avaliativos.

Parceiros na teoria e na prática

“Construir um robô é mais significativo do que ler sobre robôs na Wikipédia”, comenta Juliano Bittencourt, coordenador executivo do Laboratório de Viamão e parceiro executor do projeto pela ATN. Inspirada por essa proposta, a empresa Lego também apoiou a escola, oferecendo material para que os alunos usassem a criatividade. Assim, o Lego se “infiltrou” na robótica: os estudantes conceberam um protótipo de uma mão mecânica desenvolvida com as peças coloridas do brinquedo para ilustrar o sistema nervoso.

“Todos os resultados que avaliamos foram muito consistentes, tanto pela ação dos professores quanto pela competência dos alunos”, assegura Daniel Brandão, diretor da Move Social. A empresa, focada em Avaliação e Estratégia em Desenvolvimento Social, acaba de lançar um levantamento sobre os avanços da implantação do Laboratório na cidade.

“O resultado é uma cuidadosa articulação combinada a uma competente assessoria técnica, um forte interesse da comunidade escolar e estímulo e liderança da Secretaria Municipal de Educação de Viamão”, diz Brandão. “É um projeto exemplar”, define.

Espera-se, de fato, que sirva de modelo para outras cidades Brasil afora.

Saiba como o Laboratório Digital de Viamão (RS) mudou a rotina da comunidade escolar ao aliar tecnologia e educação integral
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